Assim como desenvolvemos o paladar ao longo do tempo, tornando-o mais sofisticado, podemos desenvolver a audição. Ouvimos muito, escutamos pouco.
Em ambientes urbanos, estamos expostos a barulhos e ruídos artificiais muito acima do que é considerado saudável. Perdemos a sensibilidade, convivemos com isso e muitas vezes nem percebemos o quanto somos afetados por estarmos tão afastados da biofonia, os sons da natureza.
O excesso de ruídos nos torna mais irritadiços e impacientes. O incômodo pode afetar a qualidade de escuta nos relacionamentos, que envolvem empatia, atenção e presença.
Nosso foco e concentração não são os únicos prejudicados. A postura também sofre com os decibéis em excesso: tencionamos os ombros, esprememos os olhos, curvamos a coluna, flexionamos os joelhos. Adotamos uma atitude defensiva e a longo prazo, sofremos prejuízos biomecânicos. Isso demonstra que mesmo sem consciência dos ruídos desarmônicos da cidade, somos afetados diretamente pelo ambiente sonoro que estamos inseridos.
Para evitar os danos gerados no seu organismo, você pode usar tampões de ouvido para descansar mais profundamente durante as horas de sono, ou ainda enquanto faz alguma atividade diária que te permita ficar isolado por algum tempo. Pausas fazem parte da recuperação da nossa capacidade natural e esse pequeno cuidado, pode fazer diferença na sua longevidade auditiva.
Outro exercício que proponho é a escuta seletiva. Buscar identificar sons no meio do caos sonoro, dos sons mais distantes aos mais próximos. O que consegue identificar?
O movimento instintivo para facilitar a condução mecânica do som pelos ouvidos até a transmissão dos impulsos nervosos pelas vias auditivas ao cérebro, faz com que a cabeça se reposicione acima da coluna, alinhando a postura. Experimente!
Gosto também de focar em um único instrumento enquanto escuto uma música. No começo é difícil, mas como toda habilidade, é treinável.
Sempre que possível, conecte-se com a natureza para acionar a inteligência auto-reguladora do nosso organismo. O corpo todo ressoa com as ondas sonoras harmoniosas do mundo natural.
Não dá pra ser simplista e achar que alimentação e atividade física são os principais responsáveis por modificar a estrutura do corpo. Somos sensíveis a toda informação proveniente do meio externo e interno. Pequenas alterações sensoriais influenciam a maneira que interagimos com o mundo e nos modelam. Sinto, logo existo…. e só passamos a existir através da experiência e do sentir do corpo como instrumento sensível da consciência.